Monday 19 August 2024

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 Petrópolis



















Marcado por um forte apelo histórico-cultural – associado aos segmentos de ecoturismo, eventos e compras – Petrópolis é, hoje em dia, um dos mais importantes destinos serranos do Brasil, chegando a movimentar algo em torno de 2 milhões de visitantes por ano. Números, sem dúvida, surpreendentes, em face dos quais alguém poderia inclusive levantar a seguinte questão: "O que teria contribuído, afinal de contas, para que Petrópolis atingisse tamanho sucesso em sua atividade turística?"

Na verdade, não é segredo algum que a base do desenvolvimento turístico de qualquer destino passa inevitavelmente pela consolidação de uma rede de atores locais dispostos a atuar em conjunto, compreendendo, assim, a ideia de "cooperação" como uma atitude política de tolerância e respeito para com as diferenças. 

Nesse sentido, portanto, é importante frisarmos que mesmo antes da existência do Projeto 65 Destinos, Petrópolis já se destacava por ser um destino bastante consciente acerca da importância da gestão compartilhada aplicada ao turismo.

Contando com um Conselho Municipal extremamente fortalecido e atuante, Petrópolis guiou o seu desenvolvimento a partir da decisão de estabelecer uma gestão participativa, na qual todos os setores da socieade tivessem direito à voz e ao voto. E foi assim que o destino chegou, em 1999, a produzir o seu Plano Imperial de Turismo, elaborado em parceria com a sociedade civil, e com 35% dos seus projetos realizados.
         
Logo, com a chegada do Projeto 65 Destinos e de seu Estudo de Competitividade, Petrópolis pôde então amadurecer ainda mais a organização do seu Conselho, somando à sua já existente cultura de cooperação e empreendedorismo uma metodologia sistemática de gestão, o que significou mais capacitação e sintonia nas ações, com resultados ainda mais expressivos, consistentes e mensuráveis.

Objetivamente, após a implementação do Projeto 65 Destinos, a governança de Petrópolis passou a articular o planejamento e a execução de suas ações por meio de três instâncias de gestão, quais sejam: COMTUR – Decisões em nível político e estratégico; GG – Nível Tático; e 13 GT’s – Nível operacional. Além disso, o compartilhamento de informações via SG65, franqueado a todos os atores, conferiu uma total transparência ao processo de implementação, permitindo, assim, o acompanhamento detalhado do status de cada ação executada.

Tudo isso, com efeito, acabou conferindo ao destino uma maior sinergia entre os diversos agentes da cadeia produtiva, criando, dessa forma, um clima bastante favorável a novos investimentos e parcerias – o que, sem dúvida, também foi estimulado por uma política pública que sempre demonstrou interesse em incentivar o empreendedorismo do setor. E como resultados tangíveis de tal mudança, enfim, Petrópolis registrou um aumento de aproximadamente 10% na visitação de seus atrativos turísticos, além de um crescimento de 5,8% em sua ocupação hoteleira e um aumento de 6,7% na ocupação da mão-de-obra do trade. 

Em síntese, o legado que Petrópolis nos deixa com este case, sobretudo, é a ideia de que – no processo de desenvolvimento turístico de um destino – o poder público não é o único e mais importante ator, mas apenas um dos muitos componentes do "sistema compartilhado de gestão", o qual, por sua vez, deve abarcar toda a sociedade civil. E este foi  o ponto central do sucesso de Petrópolis, pois tal consciência organizacional permitiu um funcionamento dinâmico e abrangente do Grupo Gestor, envolvendo e sensibilizando toda a população acerca da importância do turismo para o desenvolvimento sustentável de sua região.

Por Álvaro Ornelas, OSN Consultoria. 


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