Monday 6 April 2020

FUtourism: o fim da regionalização como conhecemos.


A REGIÃO TURISTICA É POLÍTICA E EM NADA ADICIONA AO MERCADO REAL DOS TERRITÓRIOS TURÍSTICOS.

Álvaro Ornelas* 

A região é uma construção politica, que deveria melhorar a administração de um determinado território. Está divisão política limita o mercado turístico de forma que os esforços tanto públicos quanto os privados não somam a ponto de gerar resultados consistentes ao mercado turístico global.

Imagem: Certificado de Região Turistica, Feira de Santana BA
Ministério do Turismo,2019. 


A estruturação da regionalização turística do Brasil, foi necessária, porém no futourism do Brasil, seu papel é ser entendida como uma simples forma de organização POLÌTICA que deve auxiliar a aplicação de recursos públicos federais e estaduais em obras relevantes o suficiente para impactar nas dimensões e variáveis turísticas que comprovadamente reverterão em aumento do fluxo turístico. .

 Se região é forma da administração pública, como deve ser a forma de “vender” os atrativos turísticos locais para cliente e viajantes do mundo inteiro? Não há resposta pronta, demanda inteligente coletiva de um território, quem define o território turístico é esta capacidade de pensar, planejar, gerar lucros e retro-alimentar uma cadeia formatada para gerar uma experiência turística em um determinado território.


Não é algo imposto, ou definido em lei. É a união da mesma vibração profissional, é resultado da união de pensamentos diversos e até mesmo divergentes que formatarão o território turístico inteligente e que a única forma de sobrevivência no futourism do Brasil e nos demais países.

Foto: Alexandra Aranoch, Blog Café e Viagem, 2016.

Criar e pensar em espaços produtivos a partir das forças humanas é o esforço que deve criar, dentro de um território, produtos turísticos: experiências turísticas formatadas por empresários, experiências de uso da informação desenhadas em conjunto com as forças públicas e privadas, verdadeiras PPPs sem papel, por unidade territorial. Pode ser um município, dois ou 30, desde que estejam conectados na mesma vibração, mesmos objetivos e compreendam a força locomotriz do capitalismo e sua sobrevivência – é de fato o ser humano. O capitalismo também deve ser entendido como uma força que ajuda a despertar pessoas, e não deve ser entendido como esquemas e forma de trapaça (como é visto em geral), mas sim visto, no setor de viagens e serviços, com valores muito fortes de sustentabilidade porque o território turístico é aquele que consegue gerar negócios de forma sustentável e continuada.

O entendimento de que planejar não faz parte da realidade, é uma ideologia, não pode tratar o real, deve tratar do imaterial de futuro, por isto há muitas falhas no planejamento turístico pela falta deste entendimento. Outro aspecto é entender que:  não é “dever” do Estado prover o planejamento da experiência turística em um território, isto é dever dos empresários, na iniciativa privada, que investem milhões em resorts e estruturas de edu-entretenimento mas não visualizam o futuro de seu investimento ou nem mesmo analisam a expansão de market-share e aumento do  seu ROI, foco de todos no final do dia.

No segmento de viagens a melhor de iniciar o processo de planejamento é migrar o pensamento da desigualdade e “colher” entendendo o papel da DIVERSIDADE: cultural, étnicas, naturais todas as formas que compõem um território. Brasil um pais com 6 biomas, com uma mistura incrível de povos, com espaços criados com o DNA dos povos indígenas, do povo europeu, e depois, de forma cruel, mas hoje um ganho em nossa diversidade os povos africanos. Entender este  mix, em minha opinião empresarial é forma de garantir a competitividade e segurança para o futourism do Brasil.

Imagem: Mundo Marketing, reportagem as 10 marcas mais 
valiosas por terem a diversidade como foco. 

Então, planejar, o espaço. O que é espaço? É o resultado do uso humano. E o espaço tem o que há de mais valioso no mundo – as pessoas. Elas fazem a roda rodar e elas, as pessoas são as únicas capazes de promover o encontro, que para o segmento de viagens e hospitalidade, o encontro é o objetivo e foco do planejamento, só assim se garante em todas as dimensões e variáveis o desejado foco no mercado. É mais fácil do que se pensa garantir o aumento da produtividade por meio “melhor uso” humano.

Um exemplo claro de aumento da produtividade, onde o olhar humano fez a diferença. Um amigo consultor, certa feita, me relatou que há algum tempo prestou uma consultoria a uma renomada pousada catarinense destinada a uma cliente perfil “high-end” que identificou um problema: somente 2% dos contatos comerciais se transformavam em reservas. Hoje o indicador está em quase 20% (em menos de 4 meses), um resultado perfeito para uma consultoria profissional. Qual a mudança? Pessoas, todos os contatos realizados por mídias sociais ou e-mail passaram a ser respondidos por pessoas, sim, processo de comunicação “das antigas”, porém, também trouxe o elemento que o cliente high-end mais aprecia além do conforto e vista de tirar o fólego - o atendimento exclusivo, o acolhimento na potência máxima. Se não me engano, Leonardo Da Vince, foi quem disse “a simplicidade é o último nível de sofisticação”. Entender isto, como meu amigo consultor entende, é o que move os negócios de padrão luxo e exclusivo, ou seja, é o valor número um para este nicho.

Conhecimento sobre nichos de mercado e entendimento das demandas é o auxiliar a construção de uma experiência turística, única forma de gerar boas lembranças, e ainda mais tarde reverter em mais benefícios para o empreendimento que passa a ter um promotor quando o cliente volta a suas redes de relacionamento.

Tudo isto passa pelo alto grau de conhecimento para pensar experiências empresariais, interligadas em um território que deve ser “criado”, planejado com a visão 100% da iniciativa privada.

Ao Estado, o poder público, com seus “emaranhados” de Leis e propostas sem sincronização com a realidade empresarial, cabe a ele agora, prover investimentos em monitoramento, ser mais smart e aplicar a inteligência no dia a dia dos empresários de todos setores inclusive e talvez de maior relevância na hospitalidade local.  

E finalizando, o resumo é o entendimento de que a única estratégia existente é a macro diretriz territorial. O resto são programas e projetos que complementam as variáveis de unidade que formam o território. Um espaço de pessoas, para pessoas que merecem receber politicas públicas customizadas conforme a realidade. Não é possível pensar o Brasil ou pensar até mesmo pensar Santa Catarina, como uma politica publica única para geração de fluxo de viagens. Não dá certo, não deu certo.

O território turístico tem sua forma de dentro para fora, e não há modelo correto, somente a integração entre propostas de aceleração economia locais é que formam o espaço turístico nos territórios. É na prática o que acontece com Serra Gaúcha, onde cada cidade trabalha seus elementos de competitividade, a força empresarial obriga do poder público a dar apoio ao seu planejamento, não o contrário. Não há lei, não há plano, há conversas e há foco no mercado. Se os municípios daquele território dependessem do poder publico local ou estadual nada seriam. 
Imagem: Secretaria de Turismo de Bento Gonçalves (RS), Serra Gaúcha. 

Imagem: Secretaria de Turismo de Garibaldi (RS), Serra Gaúcha. 

Falo por ter trabalhado por quarto anos lá, e vi o nascer Bento Gonçalves e Garibaldi como destinos integrados ao território da Serra Gaúcha, assim como São José dos Ausentes, há 130 km, se integra ao mesmo território turístico, mesmo não fazendo parte da regionalização proposta pelo MTur e SETUR do RS. O que manda é o mercado é a capacidade de ver negócios e inovar nos negócios a todo momento. A regionalização turística é retrógada, é politica e em não gera resultados consistentes ao mercado.

Aos parceiros e amigos, desejo,

Suce$$o sempre, 

Ornelas. 

#TURISMOinteligente  #maisNEGOCIO#MUNICIPIOSinteligentes

*Ornelas é um think tank da Essência Náutica do Brasil. Foi o coordenador voluntário do GTT NAUTICO SC (2011-2017). Fundador e Presidente da ANCORA (Ass. Nacional de Cooperação em Redes de Apoio à Economia do Brasil do Brasil) também desenvolveu o Pólo Náutico de Tijucas por meio do conceito SMART SEA criado por sua empresa, a OSN CONSULTORIA. É sócios em marinas no Brasil e fundou o Complexo Náutico TMC.  

FONTE: 
OSN Consultoria, Florianópolis, SC, Brasil. 
https://www.osnconsultoria.com.br/serviços 

ANCORA da Economia do Mar, Itapema, SC, Brasil  

https://www.economiadomar.com.br/smart-sea

Referências Consultadas:
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European Parliamentary Research Service, Global Trendometer: Essays on medium- and long-term global trends, 2016.
Airbus, Global Market Forecast 2016-2035.
Harvard Business Review, Labels like “Millennial” and “Boomer“ Are Obsolete, Nov 2016.
BARBOSA, L. G. Os impactos econômicos do turismo e sua implicação nas políticas públicas: o caso do município de Macaé-RJ. Lisboa: Cladea, 2002.
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