Tuesday 7 April 2020

FUtourism: o fim do turismo como conhecemos.

Hoje, 2020, a ideia do novo ou inovação, torna-se realidade. O futuro é agora. Com o advento da crise no setor, mais do que nunca todas as cadeias produtivas da hospitalidade deverão repensar todos os aspectos (dimensões e variáveis) de forma tão impactante que nem mesmo tenhamos entendido que de fato já houve mudança da essência do nosso setor, que agora tem como objetivo - o encontro. A indústria do encontro pode ser o novo significado que procuramos para fortalecer e consolidar um município ou território como destino turístico. Entender o velho turismo desta forma pode apresentar grandes oportunidades hoje.  
Álvaro Ornelas*

O modus operandi de organizar encontros, já consolidado no mercado global, como o setor que será capaz de “acolher” saberes, fazeres, conhecimento técnico e tecnologia em prol do fluxo turístico de humanos no Planeta.  
A previsão para o crescimento do velho turismo é de 3,9% ao ano nos próximos 10 anos. Segundo a OMT e o Euromonitor (2019). Considerando que o foco, o formato e a entrega de todo setor mudou, as previsões são mais otimistas para os destinos que definirem o seu amanhã de longo prazo – hoje.

Como um novo enfoque de enfrentamento à crise global do setor. Que no meu entender, é talves a maior oportunidade de aumento de "market share" de forma rápida, tão sonhada para o Brasil e seus Estados, que, hoje, mais do que nunca, estão mais miopes hoje sobre a gestão do fluxo turístico do que no passado.
Ainda que tenhamos um atraso entre 12 e 18 meses para voltarmos a ter um fluxo de viagens nacionais e internacional "normal", conforme aponta a empresa de consultoria Deloitte (ABRIL, 2020). Veja o gráfica abaixo. A hora é de repensar, refazer e refletir sobre todas as estratégias de competitividade no setor - agora. O trade turístico, a academia, e entidades secundárias assumiram papéis sem relevância ao aumento do fluxo turístico, e o setor público, não trabalha de forma contínua e profissional, o setor não é prioritário ao meio político de forma geral.


A qualidade percebida foi alterada logo na chegada do viajante, que hoje, não quer mais a imagem estática perfeita para levar para casa, mas sim deseja uma conexão emocional com uma experiência compartilhada instantaneamente com base em interesses, relações e autenticidade que só o encontro é capaz de gerar. 

Os destinos, por mais estruturados que estejam, devem concentrar novamente no pensamento sócio-econômico que passa a ser entendendido como uma das variáveis mais releventes e de alto impacto no mercado - o valor social. Seja ele dentro de grandes (e pequenas) empresas, do desenvolvimento  sustentável e todo tipo de influência existente nas cadeias produtivas que virão a ser impactadas por esses encontros. 
Acolher nossos parceiros do trade turístico estabelecido no Brasil, e os muitos recém-chegados das universidades, da área de pesquisas experimental, pesquisadores de tecnologia, estudantes, viajantes e cidadãos locais à organizar um grande encontro para desenhar o futuro do turismo de amanhã, hoje. Em cada território ou município que tenha o turismo como uma de suas formas de geração de riqueza.
Só um encontro, pode dedicar tempo e esforços para promover a inovação intersetorial e insistir em ter a coragem de interromper e incentivar a interrupção daquilo que precisa mudar, porque não atende mais a demanda de mercado. 
Como organizar oficialmente o novo? Como fazer a gestão de algo ainda não é entendido completamente? Como pensar macro-diretrizes dentro desta nova demanda? Como ajustar a frequencia do pensamento entre todos atores da "produção de experiências", com os da "gestãos do destinos" e, principalmente, o com próprio viajante?  
Vejo, e entendo, que é um momento de ruptura importante, o turismo como conhecemos morreu há algum tempo, porém o enterro se deu com a grande crise de 2020, na crise há oportunidades, a oportunidade de um novo futuro para nosso setor que tem por base a compreensão que tudo mudou e certamente quem entender os aspectos desta mudança, vai ganhar competitividade no mercado global agora, para os próximos 10 anos.  
A comunicação é o novo, e maior desafio. As novas formas de comunicar representam diversos aspectos importantes no novo ciclo economico em viagens. Onde as recomendações oficiais de um destino não valem nada, o que vale é a opinião de pares, dos nichos de mercado específicos. O monitoramento tão pobre no setor nacionalmente, não pode mais ser ignorado pelo setor público e deve receber mais investimentos. Não se trata de observar, se trata em monitoramento com tecnologia de inteligência artificial (IA) aplicadas ao setor de viagens e a "produção de experiencias", como temos visto nos processo ligada a "experiência de compra" de automóveis e nos processos na rede bancária no Brasil atualmente em operação. A IA é o maior aliada do poder público que comprovadamente se mostra ineficiente nem tão pouco eficazes em suas relações com o trade turístico até aqui. Exatamente por que o meio político não entendeu seu papel, há mais de 20 anos traçado, que era fazer a promoções e apoio à comercialização, isto mudou e ninguém comunicou aos gestores públicos o novo papel que é mais caro e mais complexo do que o seu papel até aqui. Agora o papelo do poder público é bem mais “smart” para quem nem tanto é. Outro grande desafio para os municípios que pensam a frente devem acreditar - investir em monitoramento inteligente é a condição número um para comecar a entender os seus públicos/nichos e suas reais demandas. Não há espaco para generalização como antes.
Ao invés de promover para os outros, precisamos promover através dos outros. Este é o desafio de comunicar, promover e dar apoio à comercalização por meio de estratégias de comunicação indireta. Como fazer isto hoje? Primeiro ponto é ruptura do egocentrismo político existente nas associações que representam o setor e definitivamente retirar do setor princípios ideológicos e politicos, porque o setor é “market-driven” e assim todas as ações devem ser certeiras para resultados consistentes no mercado de viagens para manutenção (e possível aumento) do fluxo turístico.  
Há um caminho, um único caminho, a trilha do compartilhamento com muitos, na qual um destino deve liderar o desenvolvimento e o gerenciamento do destino de forma integrada entre o setor público, entidades relevantes ao setor e principalmente, sempre, com a presença da iniciativa privada, os investidores, responsáveis por 80% em pequenas iniciativas e 20% em grandes investimentos no segmento da hospitalidade, deslocamento e atrativos de edu-entretenimento.  
Começamos, agora, hoje, uma nova era em que a visão de nosso papel no setor é crucial para poder “fornecer” a experiência de destino sob demanda, uma época em que esse foco, por sua vez, depende do “valor agregado” aos visitantes que escolherem o seu destino, um entre muitos no mundo. Nunca o conceito "glo-cal" teve tamanho impacto no fluxo turístico como agora.  
O final do turismo como conhecemos é a primeira estratégia para o futuro do setor, devemos seguir outra direção, com algo muito mais interessante e pessoal: um futuro de anfitriões e convidados em uma experiência compartilhada de uma localidade. É um momento de mudança e transição, que essa nova estratégia estabelece. Uma diretriz ambiciosa, uma solução revoluncionária e definitiva, que não tem volta.
Procurar soluções em colaboração com nossos atuais e novos parceiros, trabalhar para atrair mais negócios turístico no território, onde empresas formatam a experiência e atuam de forma integrada sem a interferência do Estado. Basta de planejamentos mirabolantes que NUNCA LEVARAM a resultados consistentes que, na prática, só representaram gasto de tempo e de dinheiro que poderia ser melhor aplicado. São leis e material que, na prática, tiverem o seu papel, agora o foco é o mercado como nunca foi trabalhado antes.
A atração por resultados consistentes é a locomotriz das empresas do setor, o monitoramento é a IA que o setor necessita, para juntos promoverem experiências únicas, complementares e integradas a cada momento da visita – do/no encontro criado de forma colaborativa. O valor dos negócios atraídos ao território ou município é o desafio. 
Permitir o envolvimento das pessoas, os atores locais, com o foco de produção econômica é a reflexão final deste pensamento sobre o futuro do segmento de viagens e hospitalidade. A única certeza que tenho é que o turismo como conhecemos acabou, zeramos a conta. Os erros do passado devem ficar no passado, e a busca no “futurismo do Brasil” é, no mínimo gerar resultados consistentes por meio de ações certeiras – diferentes das que víamos fazendo até aqui. Errar diferente, é mais inteligente e auxiliará a melhor a compreensão dos novos padrões de consumo por meio do encontro. Há mais futuro do que passado para aqueles que entenderem que tudo mudou de fato no setor.
O “futourism” nacional pode ser resumido na ambição em compartilhada e co-criar uma experiência sustentável, de longo prazo em um  território ou município, unir antigos parceiros e novos parceiros em um novo formato de planejamento de longo de prazo é o desafio de hoje.  Honestamente espero al ler esta reflexão até aqui, que as mentes não consigam mais fazer tudo como faziam até uma hora atrás, gerar a vontade (vislumbrar a necessidade) de inovar é começo da tão sonhada inovação em nosso setor muito falada, só falada. O futuro é hoje. Trazer so os cenários pensados de 2030 para 2020 é como poderemos acelear o mais importante segmento economico desde Século, a era da experiência plena começa em 2020, agora!

Aos parceiros e amigos, desejo sempre, mais e mais,

Suce$$0 !

Álvaro Ornelas

Imagem:
Gráfico:
Consultoria Deloitte, abril 2020.
Referências Bibliográficas:
MARINETTI, Filippo Tommaso, Declaration of Futurism, published in Poesia, Volume 5, Number 6, April 1909 (Futurist manifesto translated to English). Blue Mountain Project.
NOTAS DO AUTOR:
NOTA 1) Sobre o termo futourism: Neste artigo aplica-se ao “futuro do turismo”, porém o termo, FUTURISMO foi usado inicialmente no início do Século XX. O futurismo, veio do italiano, é foi um movimento artístico e sócia que enfatizou velocidade, tecnologia, juventude, violência e objetos como o carro, o avião e a cidade industrial.
NOTA 2) Álvaro ORNELAS é consultor em aceleração econômica de territórios. Diretor da OSN CONSULTORIA e criador do método SMART SEA. Texto publicado em 06.04.2020 no blog do autor:  https://ornelas10.blogspot.com/

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